Igreja Católica: "Existe uma degradação da opinião sobre os migrantes no espaço público"

A Igreja Católica entende que "a discriminação tornou-se aceite na esfera pública e política" e que essa tendência é mais evidente nos jovens. A conclusão foi divulgada no I Fórum Migrações, organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa.

RTP /
Lusa (arquivo)

A Igreja Católica não tem dúviasde que  "existe uma degradação da opinião sobre os migrantes no espaço público. A discriminação tornou-se aceite na esfera pública e política, o que resulta na normalização e vocalização de comentários depreciativos e narrativas incorretas sobre comunidade migrantes", lê-se nas conclusões do I Fórum Migrações, uma organização da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que decorreu em Fátima.

Segundo o documento, a "degradação é especialmente aguda entre os mais jovens, particularmente como fruto de uma maior eficácia da comunicação de grupos extremistas".

No encontro, estiveram 70 pessoas, entre bispos, agentes pastorais das dioceses com ligação à dinâmica das migrações, organismos nacionais da CEP e congregações religiosas que trabalham nesta área.

As conclusões reconhecem as "dificuldades dos migrantes no acesso à habitação digna, aos cuidados de saúde e à educação", além das dificuldades "de comunicação e articulação entre as várias entidades eclesiais e civis que trabalham com migrantes e refugiados".

O documento alerta também para os desafios "no acesso ao reagrupamento familiar" por parte dos imigrantes, o que "é uma ameaça à garantia da dignidade da pessoa humana", além de comprometer a coesão social.

Entre as linhas de atuação a desenvolver está, por exemplo, a necessidade de a Igreja, que "deve ser uma voz protetora dos migrantes", ter "uma estratégia de comunicação integrada".

Esta estratégia implica uma "presença vincada no espaço público e sem receio de se posicionar" para repor "a centralidade dos princípios evangélicos na discussão pública sobre as migrações" e, dessa forma, combater "o preconceito e a desinformação".

Outra medida passa por "dar voz a todos", pois "os migrantes necessitam de ser ouvidos, de expressar as suas necessidades e experiências e de participar nas tomadas de decisão que influenciam as suas vidas", para sublinhar que "a inclusão verdadeira acontece quando são sujeitos ativos e não apenas destinatários de medidas".

Trabalho em rede, partilha de recursos e aprofundamento de relações entre as instituições da sociedade civil e a Igreja, "com a constituição de equipas interdisciplinares, é essencial para dar resposta ao fenómeno migratório e para formar uma cultura nova de acolhimento ao migrante", defende o documento.


C/Lusa



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